segunda-feira, 10 de março de 2014

A parábola do filho pródigo e de seu irmão



Esta é uma das minhas parábolas favoritas. Com ela é possível aprender sobre humildade, sobre os problemas do orgulho, sobre o arrependimento e a alegria do perdão. Também é possível aprender que muitas vezes deitamos tudo a perder, principalmente as coisas que tomávamos como garantidas, apenas porque deixamos o nosso coração se encher com orgulho, com ciúme ou com a ira.

Esta parábola encontra-se na Bíblia Sagrada em Lucas 15, dos versículos 11 a  32:

Um certo homem tinha dois filhos; E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. e ele repartiu por eles a fazenda.
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.  
E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos. E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome! Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti; Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
(11-19)

Vamos parar por aqui por uns momentos. 
Nesta primeira parte temos um filho, o mais jovem de dois irmãos, que decide pedir ao pai toda a herança a que te tinha direito. Este jovem queria viver o mundo, desejava conhecer mais para além do que estava à volta dele. Este jovem tinha tudo mas ainda desejava viver outras experiências, desejava a aventura. Acho que dentro de muitos de nós existe este desejo pela aventura mas o que muitas vezes nos falta é a maturidade para escalar essas montanhas. Algumas das aventuras que escolhemos viver são fruto de um sentimento de insatisfação, um sentimento que nos faz virar muito para nós próprios e comparar o que temos com o mundo, fazendo perguntas do tipo: porque é que eles vivem isso e eu não?; porque é que eles têm essas coisas e eu não?, Porque é que eles podem fazer certas coisas e eu sou ensinado que me devo afastar delas? Porque é que eles podem sentir todos os prazeres do mundo e fazer o que desejam sem pensar em mais nada nem ninguém e eu sou ensinado de que devo Amar a todos que me rodeiam e "esquecer de mim mesmo"?
O mundo está cheio de coisas maravilhosas mas também tem inúmeras armadilhas. Este jovem pediu tudo a que tinha direito a seu pai e partiu para uma aventura no mundo. Quando chegou ao mundo ele se perdeu.. ele gastou tudo o que tinha e ficou na miséria. Este jovem que pensava que iria encontrar a liberdade nas coisas do mundo, perdeu a liberdade por completo. Ele não era forte o suficiente para resistir às tentações do mundo e, por isso, se deixou envolver por elas e se perdeu do caminho. 
Apesar desse estado de mendigagem física, que no fundo é espiritual quando aplicamos esta parábola na nossa própria vida, este jovem não foi capaz de se voltar imediatamente para quem o poderia ajudar. Ele primeiro precisou passar pela amargura de dar comida a porcos, comida essa que nem ele tinha direito para saciar a sua fome. Só depois de tanto sofrer é que "voltou em si mesmo", que leio como - colocou o orgulho de lado, e decidiu pedir o perdão de seu pai e também a sua ajuda, mesmo que isso significa-se ficar na posição de um simples servo.

O que aconteceu a seguir é simplesmente maravilhoso:

E, Levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de intima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés; E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos; porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se. 
(20-24)

O filho mais jovem voltou para casa. Acredito que pela sua cabeça estivessem a passar todos os cenários possíveis: "será que o meu pai me vai aceitar? Será que ele me irá colocar fora, depois de o ter desonrado e perdido tudo? Será que irei ser como um dos seus servos? Eu, que outrora foi mestre deles.."; acredito que também estivesse a ponderar a forma mais correcta para abordar o pai. Apesar de todo este receio, o que aconteceu foi maravilhoso. Antes que este jovem pudesse sequer abrir a boca e dizer seja o que for, o pai corre na sua direcção e lhe dá um forte abraço.. este não é um abraço qualquer, é um abraço cheio de intima compaixão, ou seja, cheio de Amor. O pai sabia porque é que ele estava ali, ele o viu à distancia e viu o estado em que ele se encontrava. Ele conhecia seu filho e o amava. 
Quando nós também desejamos, com toda a força de nosso coração, nos arrepender e voltar a casa, nós somos recebidos com o mais terno abraço. Somos recebidos em festa e nos é colocado um anel no dedo, alparcas nos pés e as melhores roupas - o que quer dizer que voltamos a ser contados como parte da família. Quando nos tornamos humildes e nos arrependemos, as nossas vestes se tornam brancas como a neve e somos recebidos de braços abertos e com grande Amor. 

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Agora a história do irmão mais velho. Este, segundo a tradição, é quem tem direito a toda a herança de seu pai, ele é quem irá tomar conta do negócio do pai e, devido a isso, é quem toma conta da fazenda e de todos os assuntos relacionados com ela. Este é aquele filho que sempre foi fiel, que sempre serviu o pai, que sempre fez a sua parte e nunca o questionou:

E o filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças. E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo. E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo. Mas ele se indignou, e não queria entrar.
E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado. 
E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas; Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu, e tinha-se perdido, e achou-se.
(25-32)

O filho fiel ficou indignado e discutiu com o pai. Neste momento, o filho fiel a seu pai, deixou que sentimentos de orgulho, ciume e ira entrassem em seu coração. Ele argumentou que o pai nunca lhe tinha dado nada para ele se alegrar com os amigos (como um simples cabrito) mas que bastou seu irmão mais novo voltar (o irmão que tudo desperdiçou e que perdeu a sua vida nas coisas do mundo) para que uma festa fosse realizada em seu nome. 
Este filho não foi como seu pai; ele não foi receber o irmão de uma forma amorosa mas se escondeu e se indignou devido ao orgulho e inveja. Quando deixamos que estes sentimentos entrem em nosso coração então deixa de existir espaço para o Amor. 
Só um coração humilde recebe, de braços abertos, um pecador arrependido. Só um coração cheio de amor é capaz de olhar para além do que uma pessoa foi ou fez; uma pessoa amorosa olha para o que ela é hoje e para aquilo em que ela se irá tornar. 

Irei terminar com uma ultima passagem: 
Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilha será exaltado 
(Lucas 14:11)




Para encerrar estar entrada no blog da melhor forma -> Comecei, finalmente, a tirar a carta!! Algum dia teria de ser!

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