sábado, 21 de junho de 2014

Conhecer as pessoas



Na passada quinta-feira passei por uma experiência interessante. É algo que todos já fizemos, e eu pessoalmente não gosto muito mas, desta vez, a minha perspectiva mudou bastante, principalmente pela forma como foi realizado.
Eu estou a participar numa formação de formadores e um dos módulos é comunicação e dinamização de grupos (o de quinta-feira). Uma das primeiras coisas que a formadora do módulo pediu para fazer foi nós nos apresentarmos. Confesso que mal ouvi isso o que me passou pela cabeça foi um "outra vez?" ; realmente não gosto de me apresentar, nunca sei o que dizer. No entanto, a apresentação iria ser realizada de uma forma diferente: nós teríamos de nos agrupar aos pares e conhecer o nosso par; depois o iriamos apresentar ao grupo. Mais uma vez a ideia que me passou pela cabeça não foi a mais entusiasmante: "agora vou falar o quê e perguntar sobre o quê?"; sou tímido demais para estas coisas. 

Depois deste "choque" inicial começamos a atividade. No inicio foi estranho mas uma boa forma de quebrar o gelo é começar pelas perguntas padrão: nome, idade, trabalho, estudos, etc..  depois disto passamos para os interesses e, uns 1-2 min depois, já estávamos a conversar sobre nós com alguma naturalidade. 
No final dos 10min de conversa começamos as apresentações: nós tínhamos de apresentar o nosso par. Foi interessante ouvir que as pessoas, além de saber a informação básica, conseguiram conversar o suficiente para saber características do seu par que, sem alguma atenção e interesse, não seriam observadas. Falo de características mais significativas do que o simples é simpático. 

Foi interessante ouvir o que a minha parceira observou sobre mim e, também, o que pude saber sobre ela. Aprendi, com esta atividade, que podemos entender melhor as pessoas se nós perdermos tempo a falar com elas e a ouvi-las com interesse para as conhecer melhor. Por exemplo, no caso das pessoas do meu grupo, principalmente sobre a minha parceira (que fiquei a conhecer melhor dado ter sido com quem falei diretamente), fiquei a saber o que gostam, os seus traços de personalidade, como vêem a vida, a sua postura, etc.. claro que tudo isto não é aprofundado pois, para isso, seriam necessários mais "10 min" de conversas e convívio. 
Quando nós usamos "10 min" do nosso precioso tempo para conhecer as pessoas à nossa volta então vamos vê-las de uma perspectiva bem diferente, com menos julgamentos e mais empatia; vamos saber como as apoiar, como lidar com elas, como falar com elas e sobretudo sobre o que falar com elas. Vamos conhecê-las minimamente para saber até o tipo de presente para oferecer no seu aniversário, ou até vamos compreender minimamente as suas dificuldades/fraquezas e, dessa forma, a nossa tolerância a elas (fraquezas) será bem maior - vamos perdoar mais facilmente. 

Sempre me considerei um observador e sempre usei essa característica para conhecer as pessoas mesmo sem falar com elas (algumas das coisas que falei sobre o meu par eram coisas que observei durante a formação) mas aprendi que, quando falamos/interagimos com as pessoas, vamos aprender um pouco mais sobre elas, elas vão sentir que alguém está realmente interessado nelas - logo irão sentir-se melhor; e, ao contrário da observação, nós nos vamos dar a conhecer aos outros. Quando isto acontece, a confiança entre pares aumenta.
A vida não foi feita para ser caminhada em solidão; nós precisamos dos outros e eles precisam de nós. A forma mais eficiente para alcançar a felicidade é conhecer e dar a conhecer. Esta caminhada não foi feita para tímidos.. algo que tenho de mudar! :)


2 comentários:

  1. O pior é quando o outro se está a "marimbar" para isso... No meu caso o que aconteceu foi que no meu local de trabalho existe uma pessoa que eu comecei a notar que era bastante gozada pelos colegas e eu comecei a perguntar-me o porquê disso acontecer e então quis conhecer essa pessoa melhor... Comecei a falar mais com ela no trabalho e tal e a chamar para tomar café na hora de almoço com o resto do pessoal e a pessoa não se dava... Ao início eu pensava que era só timidez mas depois começou a ser indelicada comigo e a ter atitudes de nem me cumprimentar sem motivos...
    E não é a primeira vez que isto me acontece, sempre fui do tipo de pessoas de ter amigos e muitos colegas de trabalho para sair mas sempre que via alguém mais afastado ou sozinho, tentei sempre conhecer essa pessoa e trazê-la para o grupo e sempre essa pessoa no fim me tratou mal ou ignorou ou não percebeu que só queria o bem dela. Estranho não?

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    1. Acho que é sempre um risco que corremos; afinal, não podemos controlar o "feedback" da outra pessoa. No entanto, o passo de falares com essa pessoa foi, na minha opinião, o mais correto. Imagina se, em vez de teres feito isso tivesses ficado no teu canto; essa pessoa até podia ser realmente timida e, no fundo, até gostaria de estar mais perto do grupo mas ninguém foi falar com ela. Nós raramente sabemos como as pessoas vão reagir e muito menos sabemos a sua condição emocional, social, até fisica. Ela, neste teu caso, não era grande companhia mas foi preciso ires lá para a conheceres melhor e saberes isso - até esse ponto era apenas uma impressão dada pelos julgamentos e gozo dos outros (o que é extremamente falível) :)

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